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terça-feira, 8 de março de 2016

AS ROSAS SEM VIDA DO AMANHÃ (ou SOBRE O DIA DAS MULHERES)


É, hoje foi o dia de muitas mulheres receberem flores, geralmente rosas, dos maridos, namorados, parceiros, mas, principalmente, de seus empregadores. Muitas adoram, acham a homenagem maravilhosa, um puro gesto de carinho da firma. Mas será que o pessoal da casa grande é tão caridoso assim, a ponto de fazer esse tributo formidável, ou não seria o "ponha-se em seu assento inferior, mulher"? Acredito que, mesmo inconscientemente, a segunda opção é a favorita de boa parte do empresariado - e da nossa sociedade dominada pelo machismo.

Cartola disse em uma canção que as rosas não falam, mas esqueceu de avisar que além de roubar o perfume da mulherada, essas flores são apenas o sinônimo da desigualdade. A diferença dos salários entre mulheres e homens no Brasil fica entre as médias de 22 a 40%, um índice terrível e nojento, ainda mais se tratando do segundo pior país do mundo na igualdade de salários, de acordo com o Índice Global de Desigualdade de Gênero, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em novembro de 2015. Só estamos a frente de Angola. Um dado surreal, para não dizer outra coisa. Além disso, a primeira lei forte contra a violência a mulher, a famosa "Maria da Penha", só foi sancionada em 2006 e sua aplicabilidade é falha. A pesquisa "Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil", realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, estima que 50 mil assassinatos por questões de gênero ocorreram no país entre 2001 e 2011 e os casos só aumentaram após a adoção da Lei Maria da Penha. Cerca de 9, 3 milhões de mulheres realizaram abortos ilegais no Brasil no período de 2004 a 2013 e esse assunto grave, que deveria ser tratado como saúde pública, ainda é pautado como questão de fé.

O dia 8 de março está longe de ser uma comemoração repleta de rosas murchas, semimortas e bregas, exaltadas por muitas mulheres que acabam sendo mais machistas que muitos homens, mesmo sem perceber. O Dia da Mulher é um momento de reflexão e mostra que a luta das mulheres nem chegou em sua metade. Beirando o velho clichê que a união faz a força, é necessário urgentemente mais coletividade e diálogo entre homens e mulheres para mudarem essas condições alarmantes apresentadas no Brasil e no mundo.

Nós, homens, devemos nos policiar, porque, na real, sabemos que os resquícios do machismo que permeia o mundo há séculos continua circulando em nossas veias. Vamos procurar ler e aprender mais e julgar "de" menos. Sabemos que as mulheres são mais fortes que nós e não só por conta de darem a luz, terem TPM ou sangrarem todo mês. Elas superam tudo mais rápido, além de encarar os problemas de frente, sem pudor algum. Vamos respeitá-las e tentar tornar esse planeta em um lugarzinho um pouquinho mais justo e sociável. Não vai custar e nem doer nada, você vai ver. Rosas não bastam. Esqueça de uma vez as rosas, é melhor. Essas flores matam bem mais que a "Rosa de Hiroshima", pode apostar.

(dedicado a minha mãe, Sandra, minha irmã Luiza, minhas avós Cleide e Dirce e para todas as mulheres que tive o prazer de dividir gostos, cervejas, músicas, camas, lençóis,abraços, beijos, choros, conversas, discussões, alguns cigarros e erros. Aprendi muito com todas vocês. Espero que me perdoem se cometi algum desacerto no meio do caminho. Obrigado por tudo.)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Para o eterno "boogie man"


A notícia da "quase" surdez do Brian Johnson é uma surpresa para os fãs do AC/DC, principalmente para os latino-americanos, que desde a semana passada ouvem boatos de uma possível vinda do grupo para a região. Já bastava Malcolm Young internado com demência ou todas as pendências jurídicas de Phil Rudd, agora mais essa péssima notícia. Apesar de "Rock or Bust", último disco da banda, ser um dos melhores que o AC/DC lançou, pelo menos na minha opinião, parece que essa década não é a dos caras.

O AC/DC já superou coisas piores, como a morte de Bon Scott, vocalista único, com estilo rude e crú de cantar, mas Brian, quase 40 anos depois de sua entrada, é a cara do AC/DC. Ele é o dono da voz do clássico "Back In Black", um dos álbuns mais vendidos da história, além de ser o cara que se pendura no sino na hora de "Hell's Bells". Com sua velha boina, usada originalmente para prender o seu cabelo crespo, um jeans surrado,aquele par de tênis branco e com a voz aguda, mas poderosa, Brian é um dos maiores símbolos da magia do Rock'n'Roll. Ver que um problema de saúde está forçando sua aposentadoria é melancólico e cruel.
Em um ano que perdemos Lemmy e Bowie, precisavamos de heróis como Brian na ativa - o cara que entrou na banda por conta de um atraso, afinal, resolveu jogar sinuca com os roadies. Infelizmente nós, fãs, nem sempre temos aquilo que queremos. Nos resta agora torcer para uma breve recuperação e esperar as próximas notícias sobre o AC/DC. Tomaremos um drink por você, Brian. Pra aqueles que são do Rock (eu vos saúdo)!