Loira, magra, alta, sexy e perigosa. Essa talvez seja uma boa descrição de Anita Pallenberg, um dos grandes ícones da beleza feminina nos anos 60. Italiana de nascença, mas com o sangue germânico fluindo nas veias, Anita participou de toda efervescência cultural daquela época. Era super-modelo antes do termo existir. Estava em Roma quando Federico Fellini filmou "A Doce Vida". Se tornou amiga de Pier Paolo Pasolini. Atuou no cult "Barbarella" e foi uma das frequentadoras assíduas da Factory de Andy Warhol. Era uma intensa conhecedora de artes. Se não bastasse isso, ela é uma das principais musas do Rock'n'Roll. Anita foi namorada de Brian Jones, o fundador dos Rolling Stones, e a primeira esposa de Keith Richards - sujeito que dispensa apresentações.
Brian Jones tinha fama de ser um escroto com mulheres. Engravidou várias, abandonou os filhos e gostava de dar porrada nas parceiras. Isso não deu certo com Anita. Segundo Keith Richards, que presenciou algumas tentativas de agressão, ela não deixava barato. Metia o braço sem dó em Jones, que sempre aparecia com um olho roxo por aí. A relação foi desgastando e Brian cada vez mais se isolava nas drogas - ele se achava um gênio. O amigo Keith foi tentar salvar seu parceiro de banda, viu que não tinha jeito e se apaixonou pela mulher do cara, que correspondia na mesma medida. Brian logo apareceria morto em uma piscina, já Anita e Keith resolveram embarcar numa das mais loucas viagens de amor e heroína da história.
Foi ela que inspirou Richards a escrever os primeiros versos de Gimme Shelter, talvez o maior clássico dos Stones após Satisfaction. Keith estava em seu apartamento, puto da vida e com a certeza que Mick Jagger tentava seduzir a sua mulher. Eles estavam filmando "Performance", um filme esquecível de 1969, num total clima de loucura, tensão e lisergia. O diretor Donald Cammell forçava uma atmosfera sexual entre Jagger e Anita, enquanto Keith pensava em diversas hipóteses. Foi aí que surgiu a frase “ Uma tempestade se aproxima ameaçando minha própria vida hoje”. O resto, incluindo o possível affair entre Pallenberg e Mick, virou história e até mesmo uma briga recente. Em sua autobiografia, Keith fala que Jagger pode até ter dormido com sua ex, mas como tem um pintinho pequeno, não caiu nas graças da fervorosa Anita. Tal descrição íntima rendeu um pedido de desculpas na imprensa por parte de Keith.
Anita teve três filhos com Richards, inclusive uma menina que faleceu 10 semanas após o parto. Durante e depois do casamento, foi se afundando cada vez mais na heroína. Em 77 um namorado de 17 anos se matou em sua cama. Nos anos 80 foi para clínicas de reabilitação. Na década de 90 foi estudar moda. Mas a heroína, muito além dos dentes, cobrou seu preço. Além de várias recaídas, diversos problemas no quadril forçaram o uso de uma bengala. A Hepatite C também fez parte do dia a dia, assim como o AA. Hoje Anita se foi. A bateria do seu relógio acabou. O mundo não só perdeu um de seus grandes ícones fashions, perdeu uma mulher forte, que chutou várias portas contra a caretice. Anita era a musa mais selvagem da história do Rock'n'Roll e sempre será, como uma tempestade vindo ameaçar a vida de alguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário