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sábado, 5 de agosto de 2017

Durango Kid à brasileira

Até hoje há diversos preconceitos com a música popular, principalmente com aquelas que surgem nas periferias dos centros urbanos ou nos cafundós sertanejos desse nosso imenso país. Para muitos, não há valor cultural nesse tipo de canção ou poesia, mesmo estando ali nossas principais raízes culturais. Tem até tentativas de se criar leis para evitar a execução de determinado gênero. Isso me faz lembrar do samba de gafieira e de Waldick Soriano - que mesmo depois de morto, é pouco reverenciado. 

Talvez a figura do macho à moda antiga, assim como declarações demonstrando seu pensamento político contribuíram para isso,mas como interprete e poeta do sertão, é preciso tirar o chapéu de cowboy para ele. Nos anos 70, Waldick causou furor em uma boate da alta classe carioca, que esperava ver um verdadeiro circo dos horrores e acabou se rendendo a um dos mais finos interpretes de nossa música, com um domínio de palco extremo, além daquela figura cafajeste e sinistra. O cara matou à pau e virou amante de uma das dondocas da high society carioca presente na ocasião. 

Os seus grandes momentos em disco, pelo menos para mim, são "Tortura de Amor", "Paixão de um Homem", "Eu também sou gente" e "Eu vou ter sempre você",versão de Antônio Marcos (o grande poeta de São Miguel Paulista) para um velho standart gravado originalmente por Alice Faye e imortalizado por Nat King Cole. Se você dúvida, veja esse vídeo dirigido por Patricia Pillar um pouco antes da morte de Waldick. A saúde não era mais a mesma, mas a voz, a voz era única e sensacional.

(para saber mais sobre o dia que Waldick "abalou" a alta sociedade carioca, recomendo esse texto: http://lounge.obviousmag.org/renzo_mora/2013/07/a-noite-em-que-waldick-soriano-redesenhou-o-society-carioca.html)

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