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terça-feira, 14 de março de 2017

Como um solo de guitarra psicodélico solto no ar (ou apenas Certas Coisas do Coração)

Era uma daquelas tardes quentes de sábado, com solos de guitarra psicodélicos perdidos no ar enquanto o sol saia de cena. Dava pra escutar em lugares longe dali. Era essa a sensação que Pedro sentia em seu peito. Sons de trovão, com uma chuva doce e ácida. Foi assim que o amor se instalou em seu coração. Ele tava perdido, fodido, foi assim que começou. Os olhos dela eram intensos, desafiadores, como Muhammad Ali gingando no ringue, abrindo a guarda, pronto pra encaixar um cruzado ou um gancho certeiro. Mas ele nunca tinha experimentado isso e o gosto não era amargo. Nem o ar que ele roubava enquanto beijava a doce dama por quem  tinha se enamorado. O começo de algo, o fim de outra era. Como a dança em um musical esdrúxulo ou uma viagem alucinógena que teve em outros tempos, ele sabia e dizia o seguinte: “não vai durar”. Ela era forte demais pra ele, muito dona de si, realmente livre.  Pedro coitado, era muito responsável em seu trabalho de merda e, mesmo detestando, jamais conseguiria ser livre e ter os pés no chão como ela. E Pedro sabia disso. Mas você vai dizer que Pedro não sabia viver o momento e se adiantava o tempo inteiro. Talvez você tenha razão, mas Pedro tinha muito medo de certas emoções, principalmente a falta de razão que uma paixão fulminante leva até um coração. E, bobo que era, Pedro disse não. Que final triste pra uma história que nem começou. Mas Pedro não sabia lidar com certas coisas do coração. Por isso, idiotamente e inocentemente, Pedro disse não. Não se pode falar não pra certos sentimentos que nos despertam a paixão. Mas ela entendeu, seguiu seu caminho e pensou: “ele tem medo da desilusão. Não sabe viver os sentimentos que vivem nas ligações internas de qualquer coração.” Ela estava certa. Pedro não estava pronto, mas um dia vai estar. Quando esse dia chegar, Pedro vai estar livre pra fazer amor e parar de chorar.

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