Não sou artista
Não faço arte
Não sou escritor
Muito menos jogador
Não sou pugilista
Sempre fujo de qualquer briga
Não bebo
Só tomo um trago
Não faço amor
Apenas dou uns amassos
Não me apaixono
Apenas tiro proveito dos minutos com você
Não sei fingir, disfarçar a dor
Faço peças, mas não sou ator
Talvez seja o drama de um bom poeta
Ou o suor de algum trabalhador
Não falo francês
Mas sussurro em seu ouvido
Com sotaque latino
Em meu bom português
Danço com o vento
Mas continuo isento
Quando o assunto é política
Falo aquilo que penso
Mas quem eu sou
Me diga, por favor
Se sou a ponte, o caminho, o seu amor
Se sou a água, a onda que bate no teu corpo
Um oceano aberto, mas próximo a um deserto
Onde os sentimentos não dizem nada
Onde o que vale é a palavra falada
Algum olhar, uma piscadela
A dança das bailarinas peladas
Que giram suas pernas cheias de graça
Olhando para os velhos que ficam sentados na praça
Ou os velhos discos do garoto que espera o ônibus
Mas diga logo, tenho pressa
Uma brisa vai passar
Vai me apanhar
E vou desaparecer
Não dá mais, não posso esperar
Me diga o que sou, por favor
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