Pesquisar em Antropoide News

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

VERSOS FINOS COMO TRAÇOS DE CHUVA




É preciso condenar
severamente quem 
crê nos bons sentimentos
e na inocência.


É preciso condenar
com a máxima severidade quem
ama o subproletariado
sem consciência de classe.


É preciso condenar
com a máxima severidade
quem ouve em si e expressa
sentimentos obscuros e escandalosos.


Estas palavras de condenação
começaram a ressoar
no coração dos Anos Cinquenta
e continuam até hoje.


Entretanto a inocência,
que efetivamente havia,
começou a perder-se
em abjuras, corrupções e neuroses.


Entretanto o subproletariado,
que efetivamente existia,
terminou se transformando
em reserva da pequena burguesia.


Entretanto os sentimentos
que eram por natureza obscuros
foram todos investidos
no lamento das ocasiões perdidas.


Naturalmente, quem condenava
não se deu conta de tudo isso:
e continua rindo da inocência,
negligenciando o subproletariado


e declarando sentimentos reacionários.
Continua indo da casa
pro escritório, do escritório pra casa,
ou ensinando literatura:
está feliz com o progressismo
que lhe faz parecer sagrado
o dever de ensinar aos domésticos
o alfabeto das escolas burguesas.


Está feliz com o laicismo
que considera é mais que natural
que os pobres tenham casa,
carro e tudo mais.


Está feliz com a racionalidade
que o faz praticar um antifascismo
gratificante, elevado
e sobretudo muito popular.


Que tudo isso seja banal
nem lhe passa de longe pela mente:
com efeito, que seja assim ou assado
não lhe dá nenhum proveito.


Aqui fala um Sócrates mísero e impotente
que sabe pensar e não filosofar,
mas que no entanto se orgulha
não só de ser um conhecedor


(o mais exposto e esquecido)
das mudanças históricas, mas também
de nelas estar direta e
desesperadamente implicado.




(Pier Paolo Pasolini em La Nuova Gioventù, de 1975, o mesmo ano de sua trágica e até hoje misteriosa morte.)

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

E ele viu a luz

A música pop tem coisas engraçadas. Do nada, surge um cara e, de forma bem simples, diz alguns sentimentos que todos sentem algum dia na vida. Esse é o caso da cafona, mas linda música de Todd Rundgren, a famosa I Saw The Light. Rundgren foi mestre em descrever um daqueles encontros que nos marcam. Sabe aquele que faz algo dentro da gente ficar mais forte? Bem, é isso que é dito em I Saw The Light. Recentemente, no filme A Very Murray Christmas, Bill Murray, David Johansen (aka Buster Poindexter),  Paul Shaffer, Jason Lee, Maya Rudolph e Rashida Jones interpretam uma versão Nick Bar dessa mágica canção. Claro que a carreira de Todd Rundgren não deve ser apenas lembrada apenas por ter criado essa sedutora melodia chiclete, mas, só por isso, ele tem seu lugar na história. Seguem a letra e um vídeo de Rundgren executando a irresistível canção:



Ontem à noite, bem tarde
Estava sentindo que algo não estava certo
Não havia ninguém à vista
Só você, só você
Então nós caminhamos juntos
Ainda assim, eu sabia que algo estava errado
E veio essa sensação, tão forte, sobre você
Então você olhou para mim e a resposta estava clara
Porque eu vi a luz nos seus olhos

E mesmo com o nosso lance
Eu nunca teria suspeitado
Até que aquele sininho começou a tocar na minha cabeça
Na minha cabeça
E eu tentei fugir
Embora soubesse que não adiantaria
Porque eu nunca poderia amar ninguém, ou pelo menos foi o que eu disse
Mas meus sentimentos por você
Eram algo que eu não tinha ideia
Até  ver a luz nos seus olhos

Mas eu te amo mais que tudo
E não falo da boca pra fora (ha ha)
Porque você é diferente, garota, de todas as outras
Aos meus olhos
E eu fugi antes, mas não vou fugir de novo
Você não consegue ver a luz nos meus olhos?

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A necessidade do risco

Não gosto de dividir a cama
e detesto quem detesta solidão.
Não é aversão a companhia,
mas preciso de espaço,
da cama vazia.
Não tenho medo de ficar sozinho,
sempre  prefiro amores de um só dia.
E quem tem pena, fica com dó de mim,
Mando sair do meu caminho - é melhor.
Gosto da dança, de ver coxas
balançando em um vestido preto.
De ver as moças saindo do trabalho,
todas com o cabelo ao vento.
Sentir certas fragrâncias no ar,
desnudá-las sem nenhum medo.
Não é que tenha pavor de namoro,
muito menos casamento,
Mas pra sentir o sangue nas veias,
é necessário certo risco, afinal, só assim
conseguimos  libertar o espírito.

A hipócrita dor do amor

Hoje a noite algo parou.
Meu coração disparou.
E nem sei o motivo.
O gosto da sua boca mudou
E em sua língua há espinhos.
Até ontem, baby blue,
 andamos no mesmo caminho.
Mas algo passou em sua cabeça,
Um filme sem cor, uma flor sem cheiro,
o momento onde o amor
se transforma em desespero.


Nossos sentimentos,
nesse momento,
velejam para o Ártico.
Sou obrigado a ficar aqui parado,
com um choro contido,
no meio do nada, 
procurando abrigo.


Mas você será forte,
como toda mulher é,
E enquanto sinto 
meu coração em pedaços,
imerso na pieguice
de um peito enamorado,
Você segue em frente,
diz que é a sua chance de
 recomeço.


Respiro, penso e sinto,
imagino nós dois na cama,
enquanto toco o seu quadril.
Logo depois, você acende 
o último cigarro.
Me olha mais uma vez,
Sopra a fumaça e diz:
 - Tchau, amor.
Abro os olhos.
Vejo que tudo não passou
de um delírio.

É melhor me esconder,
voltar a dormir
e chorar embaixo do cobertor,
enquanto acoberto a maldita
e hipócrita dor do amor.

domingo, 13 de novembro de 2016

Play it again, Sam

Canção. Palavra simples, mas cheia de significado. Uma canção, muitas vezes, significa um estado de espírito, alguns minutos marcantes da insignificante existência do ser humano nesse universo que se perdeu há muito tempo. Podem ser dias tristes ou alegres, mas alguma canção estará tocando em um rádio, mesmo que seja uma ruim ou alguma feita apenas pra dançar. Prefiro deixá-las por aí, gosto das que discutem algo relevante, daquelas que realmente mexem com algo por dentro, ficam intrínseca na carne e no espírito, geram reflexão e esperança. Com apenas dois dias de diferença, perdemos dois craques desse estilo, caras que realmente sabiam o que significava a expressão blues. Leon Russell hoje, Leonard Cohen na quinta-feira. Como o mundo fica mais chato sem a poesia e música desses caras. Claro que será eterna, afinal, discos servem pra isso, mas muitas vezes apenas isso não é o bastante. Nesses últimos dias me peguei emocionado em alguns momentos e é gozado, já que não conheço esses caras pessoalmente, mas, através de suas canções, me tornei íntimo de cada um deles. Talvez há um pedaço de todos nós em cada música que eles escreveram e tocaram, mesmo as feitas antes de nosso nascimento. Ou será que a questão é a reflexão e os questionamentos inseridos na obra de cada um foi um questionamento em algum momento de nossas vidas, mesmo de quem nunca ouviu nenhum dos dois? As duas coisas, sem dúvida. Se existe algo além das nossas galáxias, se realmente o céu ou inferno estão em algum lugar da nossa pós-existência terrestre, apenas os indígenas, os poetas e os músicos sabem disso. A chave desses lugares estão em seus bolsos ou em cima do piano, jogada entre o cinzeiro e os copos de cerveja e uísque. Talvez fiquem entre os arpejos de tal nota, não sei. Fico aqui, imaginando nesse possível paraíso, em Ray Charles, B.B. King, Lou Reed, J.J. Cale e todos os grandes fazendo festas diárias, repleta de barris de cerveja, sem hora pra acabar. Encontros inimagináveis, como Agepê e Wando  escrevendo uma letra juntamente de Serge Gainsbourg, Gonzaguinha fazendo mais uma canção política na companhia de Woody Guthrie ou Nelson Cavaquinho tirando um blues com Muddy Waters e Junior Wells. Enquanto isso, James Brown e Etta James improvisam passos de funk num samba enredo cantado por Jamelão. Como diria o Erasmo Carlos, uma tremenda festa de arromba, enquanto aquelas maravilhosas “tias” da velha guarda de alguma escola de samba fazem os rangos com aquelas mammas americanas que cuidavam das violentas casas de blues na beira da estrada. Em uma outra nuvem, Thelonious Monk martela o piano, enquanto Vinícius e Tom criam uma nova letra ou melodia e Duke Ellington fuma seu cigarro de filtro longo. Enquanto isso, Elvis tá na capela do lugar e Frank Sinatra tá com a cabeça enroscada com os caras da máfia. Aí, de forma celestial, com direito a tapete vermelho, através de um elevador e num céu parecido com aquele mostrado pelos caras do Monty Python em “O Sentido da Vida”, surge Leonard Cohen, todo de preto, de braços dados com Leon Russell, numa beca branca, assim como sua barba. O silêncio toma conta do lugar e faz sentido, afinal, agora eles vão compor e cantar. Longa vida, mesmo que através dos discos, aos trovadores, poetas junkies, músicos de cabaré, todos eles, nossos grandes mestres da canção. Sem eles, não valeria viver, até mesmo digladiar. Agora ligue o rádio, aumente o som e play it again, Sam.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Mais um dia

Teorias da conspiração,
Como as de um filme do Oliver Stone,
Surgem nos pensamentos dela.
Não é fácil acordar às 4h,
Lavar o rosto, calçar os sapatos,
Engolir o café a seco e seguir a rotina.
Saber que enfrentará o assédio de diversos 
babacas, velhos pervertidos e de clientes chatos
Por mais um dia.
Muitas vezes, perdida em seus pensamentos,
Solta um sorriso bobo, vai a alguma nova dimensão,
Mas logo é obrigada a voltar a realidade,
Ao trabalho chato e medíocre,
Que ela sabe não estar a sua altura,
No telefone uma nova reclamação,
Os comandos de uma nova missão,
Algo que ela não ganha pra fazer.
Levanta pra tomar um café,
Não dá sorte, o idiota de outra área
Insiste em convidá-la pra sair.
Tudo que ela queria, nesse crucial momento,
Era sair de cena, deixar pra lá.
Talvez ter um coquetel molotov
Mas seria um absurdo, melhor voltar pro seu lugar.
E na mediocridade do seu dia,
O seu olhar encobre alguns de seus sonhos,
Um encontro comum na fila de uma padaria,
Uma risada sem graça acompanhada de
Um beijo na bochecha.
Papos filosóficos pela madrugada.
Talvez na próxima semana isso aconteça,
Depois da sessão de terapia da quinta.
Mas agora chegou a hora esperada,
Desliga o computador,
Passa o relatório pra estagiária.
Vai seguir sua vida,
Tomar um banho, se fechar no quarto 
Com algum escritor russo.
Depois precisa dormir,
Já que amanhã é mais um dia
De sua dolorosa rotina.

Poesia eletrônica

Já não escrevem mais a mão
Não há sequer, no papel, 
A marca do batom.
É tudo touch screen,
Basta apertar um botão,
Simples assim.
Cartas de amor, 
Que costumavam ser bregas.
Ninguém escreve mais.
Ficam em bate papos infinitos,
Por meio de algum aplicativo,
Sem tempo pra sentir a saudade,
Apenas alguma instantânea felicidade,
Que maldade!
Os amantes, conectados a todo instante,
Não circulam mais pelas praças,
Muito menos sentam em bancos,
Estão sempre online, 
Mas com almas desconectadas.
Até mesmo o clichê das mãos dadas
Naquele velho pálido luar
É uma água passada.
Troca de olhares em um balcão qualquer,
Enquanto a cerveja refresca o corpo suado,
Foram substituídas por um cardápio variado,
Onde a sorte conta um bocado.
Pra encontrar com quem se quer.
Hoje meus versos são digitais,
Minhas palavras universais.
E de alguma parte do mundo, 
Um lugar globalizado e moribundo,
pós-moderno e após a bomba atômica,
Ainda insisto no verso e na prosa
Através da minha poesia eletrônica.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ESTADOS UNIDOS DA AMNÉSIA


Existem graus de amnésia, maneiras de esquecer
Jeitos de lembrar tudo de bom que você fez
E, se você não tem uma testemunha  pra lembrar você mesmo,
Ninguém é perfeitamente bom o tempo todo
E se você matou a todos os peles-vermelhas há muito, muito tempo atrás
Bem, eles  estão todos mortos agora de qualquer maneira, de qualquer maneira
Não deixe esse fantasma desconcertar você – O Senhor proverá
Uma lápide pouco agradável para o Cherokee bravo
Portanto, sem reservas,  nós vamos ter uma limpeza
Abrindo caminho para a terra dos livres
Vamos ouvi-lo na civilização, mais uma vez
Construindo seu império ariano em paz

("The United States Of Amnesia" é uma canção do músico inglês Robert Wyatt feita nos anos 80 que você pode escutar aqui: https://vimeo.com/162364395 )

Trump ou Hillary são o mesmo lado de uma moeda velha, a mesma que perturba nosso caminho subdesenvolvido há vários anos. Se fosse um ou outro, nada mudaria, essa é a verdade. Governos da América Latina continuarão sendo derrubados com a influência de agências americanas, assim como alguns de seus mais banais “líderes” se curvarão aos pés do imperialismo, sendo a única diferença que em pleno Séc. XXI nos tornamos um terceiro mundo high tech. Guerras com o envolvimento dos EUA continuarão existindo, afinal, a indústria bélica precisa faturar.  O conflito  entre Israel e Palestina será financiado pelo Tio Sam por muito mais tempo, isso é garantido, e haverá sangue, muito sangue. Logo a relação entre Putin e Trump irá azedar e vamos estar diante daquela velha sensação de  paranoia sobre uma guerra nuclear. Nada de novo no front, apenas a atualização dos dados e a certeza que cada da vez mais estamos  longe de tempos de paz. 

sábado, 5 de novembro de 2016

Anjo do amor

Eu tô perdido e confuso,
Sozinho num caminho louco,
Não aceita cartão de débito por aqui.
Não sei o que fazer, muito menos sentir,
Queria ser como Van Morrison,
Perfeccionista ao extremo,
Te escrever uma canção,
Ver se o solo de sax tá certo,
Te agarrar, te sentir.
Mas sou um intruso,
Um covarde, que todos os dias,
Todos os dias, queria dar um “olá” pra ti.
Pode parecer bobagem, uma loucura irreal,
Mas, desde que conheci você, te vi,
Tudo que desejo são noites quentes,
Sua cabeleira loira, seu cheiro,
E seu corpo todo, todo pra mim.
Sei que não tô rimando,
Nem tenho inspiração pra tanto,
Mas queria você aqui.
Queria você me afagando a dor,
Fazendo trapézio da minha solidão,
Me amando como sou.
Não sou um infeliz,
Muito menos imbecil,
E, talvez, tô esperando um anjo louro,
Que me traga algum tipo de conforto,
E que, de certa forma, ore por mim
Não vou chorar e sofrer.
Sei que seu caminho é longo,
E eu tô perdido, perdido no meu destino.
Gritando contra a dor, procurando seu amor.
E, do nada,
Você pode surgir aqui pra mim,
Cheia de dúvida e certo rancor,
Com velhos receios,
Quem sabe sem medos,
Pronta para ser, apenas,
Meu eterno anjo do amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O Cara Certo

Eu devia estar me afogando em lágrimas,
bebendo tequila barata e confidenciando 
a minha vida ao garçom.
Devia estar com vontade de me esconder,
botar fogo em algum canto, apenas te odiar.
Devia estar com uma dor de cotovelo daquelas,
tentando me jogar de alguma  janela
 ou nadar até um lugar bem distante no mar.
Devia mandar botar seu nome na macumba,
te amaldiçoar, desejar pra ti uma bela corcunda.
ou ver você virar loba ao luar.
Mas não consigo, você sabe que eu não minto.
Tô feliz, alegre por você, pelo mundo,
rido até pro cara de sorte que agora vai te amar.
Fui incapaz, sou grosseiro,
o carrapato no seu travesseiro,
o cavaleiro destinado a te libertar.
Agora você traçou o seu próprio caminho,
abriu as porteiras do seu próprio espaço,
me libertando, deixando eu ser feliz sozinho.
Mas mantendo certo carinho,
que espero não perder
em alguma virada do destino.
Mas, egoísta que sou,
Tomo mais um trago, fumo rapidamente 
e fico observando  alguma garota passar.
Nosso tempo sempre foi outro
e agora, sem receio algum,
com um sorriso cínico na boca
e um cigarro preso nos lábios,
te digo, com certeza,
 que nunca fui o cara certo pra te amar.

Seguindo em frente

Continuar, prosseguir. Por que é tão difícil pra tanta gente seguir em frente? Claro que é confortável manter velhos hábitos e seguir padrões que não levam a caminho algum, mas vale a pena? De que vale manter velhas amarguras dentro do peito se você pode encontrar novos prazeres por essa estrada mal pavimentada que é a vida. Não vou falar que foi fácil para mim, mas seguir em frente, sem olhar as coisas que deixei no meio do caminho, hoje é algo natural, simples, como passar manteiga derretida em um pão francês. É só dar um passo de cada vez, sem pressa alguma. Como o passageiro de um trem viajando para o desconhecido, que resolveu descer em uma estação pacata só para sentir o cheiro do orvalho matinal. Claro que seguir em frente é um exercício doloroso muitas vezes, mas é um processo libertador e a chance de trazer novas cores pra vida. Velhas ideias, gostos e paixões ficam guardadas em armários enferrujados dentro do cérebro e da alma, tudo separado por arquivos. Aquilo que foi bom e acrescentou algo será lembrado. Já os sentimentos ruins, a raiva e o ódio por inimigos inexistentes logo desaparece, nem vale a pena lembrar. Há um incinerador em pleno funcionamento em algum lugar remoto de nossa memória. Seguir em frente é a chance de fazer tudo diferente, de cometer novos erros, mas sempre com a oportunidade de jogar os dados novamente. Regozijar-nos, regozijar-nos, não temos outra opção senão seguir em frente. Ouvi isso em uma canção de tempos turbulentos, nas vozes de sonhadores que apenas queriam um amanhã mais ensolarado e repleto de paz. Talvez hoje eles estejam velhos como seus sonhos, quase mortos e desesperançados, mas sabiam que pra cantar o blues, você tem de viver no tom e seguir o fluxo sempre pra frente. Como eles diziam em inglês, go your way, I'll go mine and carry on.