Nem o maléfico George W. Bush resistiu quando viu os filmes da nossa lista; chorou como um bebê. |
Uma das melhores maneiras de fazer alguém se emocionar, principalmente as mulheres, é colocando um filminho água com açúcar, aqueles romances bem paupérrimos, como o clássico 'Love Story', de Arthur Hiller. Acho que os casos mais recentes de filmes que fazem as menininhas do público irem as lágrimas, foram a tal 'Saga Crepúsculo' e há alguns anos atrás 'Titanic'. Mas e os homens? Quando eles choram indo ao cinema?
Às vezes, nós, os homens, deixamos nosso lado "macho" à deriva. Nos esquecemos da cerveja, do futebol e tendemos a ser mais sentimental, principalmente quando o assunto é a amizade, companheirismo e superação. O homem em si precisa de momentos de ternura e mesmo o mais durão dos durões chora. E quando os machões assistem aos cinco filmes abaixo, eles dispensam a tarefa de cortar cebola, porque é choro na certa.
1 - Sindicato de Ladrões (On The Waterfront, 1954, EUA) - O ex-pugilista Terry Malloy (Marlon Brando no melhor trabalho de sua carreira) atrai o jovem Joey Doyle até um telhado. Lá, dois capangas do 'chefão' do Sindicato, Johnny Friendly (Lee J. Cobb), empurram o Doyle para a morte, pois ele iria delatar os integrantes do Sindicato. Terry, que achava que os rapazes de Friendly apenas dariam uma 'coça' em Joey, fica com peso na consciência e no dia seguinte é procurado por dois membros da comissão que apura os crimes que ocorrem próximo ao cais, mas ele não diz nada. Logo após esses acontecimentos, Terry conhece Edie Doyle (Eva Marie Saint), irmã do falecido, e se apaixona por ela. Após algumas conversas com o Padre Barry (o sempre maravilhoso Karl Malden), Terry fica em dúvida se deve delatar Johnny Friendley e principalmente seu irmão, Charley Malloy (o incrível Rod Steiger), que é o advogado do Sindicato.
Sucesso de crítica e público, foi inspirado em um artigo vencedor do Pulitzer. Arthur Miller e Elia Kazan começaram a escrever o roteiro de 'Sindicato de Ladrões', mas após Kazan ter delatado companheiros do partido comunista ao Comitê de Investigações de Atividades Anti-Americanas, Miller deixou o projeto e a amizade entre os dois nunca mais foi a mesma. Budd Schulberg reescreveu toda a história. Podemos dizer que o diretor busca por sua redenção e o personagem de Marlon Brando, Terry Malloy, pode ser visto como um alter-ego do diretor, ou seja, alguém que procura o perdão, principalmente após se apaixonar por Edie.
Em resposta a 'Sindicato de Ladrões', Miller escreveu 'Panorama Visto da Ponte', peça maldita, que também narra a história de um estivador do cais de Nova York acusado de delação. Seria Eddie uma personificação de Kazan? Talvez. Em 1964, Kazan e Miller fazem as pazes e montam na Broadway 'Depois da Queda'.
Por que faz os homens chorarem? - Porque todo homem já sofreu das mesmas dúvidas que Terry Malloy sofre, ou em algum momento da vida já se questionou, como na cena do automóvel, em que Brando diz a famosa frase: - Eu poderia ter sido alguém!
2 - Era Uma Vez Na América (Once Upon A Time In America, 1984, Itália/ EUA) - O testamento de Sergio Leone, talvez o maior cineasta de todos os tempos. A história de amizade entre quatro garotos judeus, pequenos trombadinhas, que crescem e se transformam em mafiosos respeitados. Traições e reviravoltas marcam a história dos amigos e já mais velho, David 'Noodles" Aaronson (Robert De Niro em uma de suas interpretações mais contidas, sem o seu exagero habitual) retorna ao bairro do Brooklyn e relembra a história de ascensão e queda de seu bando.
Era Uma Vez Na América estreou em Cannes em 1984, na sua versão original de 229 minutos, mas Ladd Company, estúdio responsável pela produção, lançou nos cinemas americanos uma versão de apenas 144 minutos, o que fez o filme ser um fracasso de público e crítica. Em 2012 foi lançado da maneira que Leone desejava, com mais de 269 minutos. Há uma história sobre um crítico que escreveu que ao ver a versão editada considerou o filme era o pior de 1984. Anos depois, ele viu ao original e considerou a melhor produção cinematográfica dos anos 80. E realmente 'Era Uma Vez Na América' é o que houve de melhor no cinema naquela década e também um dos melhores filmes de gangsters já produzido, rivalizando diretamente com 'O Poderoso Chefão', filme que Sergio Leone não aceitou dirigir e se arrependeu depois. Mas após assistir 'Era Uma Vez na América', acho que você o perdoará por essa decisão.
Por que faz os homens chorarem? - Porque todas as amizades tem altos e baixos e anos depois um bom papo pode resolver tudo, como acontece com 'Noodles' e 'Max' Bercovicz (James Woods em seu primeiro papel de destaque). Além disso, ninguém na história do cinema nos deu imagens tão poéticas como Sergio Leone, que novamente se aliou a Ennio Morricone e criou um dos maiores épicos de todos os tempos.
3 - Um Sonho de Liberdade ( The Shawshank Redemption, 1994, EUA) - Dramático, delicado e cômico em alguns momentos. Depois de 'O Poderoso Chefão', é o filme preferido do público americano. Baseado em um conto curto de Stephen King, tem a direção e o roteiro de Frank Darabont, ná época estreando nas telonas.
Andy Dufresne (Tim Robbins) é condenado a prisão perpétua pelo assassinato do sua esposa e amante e é levado a Prisão de Shawshank, apesar de sua inocência. Lá ele faz amizade com Ellis "Red" Redding (Morgan Freeman), também condenado a prisão perpétua e um dos responsáveis pela 'muamba' que chega ao local. Com o passar dos anos Andy vai melhorando as condições de vida dos presidiários e paralelamente vai ajudando o Diretor da Penitenciária em seus negócios excusos. Não demora muito para Andy ter sua redenção em Shawshank.
Por quê faz os homens chorarem? - Além de retratar a grande amizade de Andy e Red e o drama de outros presos, 'Um Sonho de Liberdade' é uma história de redenção e superação, marcada pela persistência de Andy em provar um dia sua inocência e realizar seu sonho de viver em paz, Ao mesmo tempo que busca a paz para si mesmo, ele a oferece para os outros presos. Não vou entregar a história, mas garanto que ao assistir 'Um Sonho de Liberdade' você vai se emocionar.
4 - O Pagamento Final (Carlito's Way, 1993, EUA) - Carlito Brigante (Al Pacino sempre muito bom) é solto da prisão com a ajuda de seu advogado David Kleinfeld (Sean Penn parecendo o Larry de 'Os Três Patetas") e pretende andar na linha desta vez, comprando uma boate e juntando dinheiro para ir com sua namorada para as Bahamas. Mas o crime não sai de sua sombra.
O filme marca o reencontro de Al Pacino com o diretor Brian De Palma, 10 anos depois de 'Scarface'.
Por que faz os homens chorarem? - 'O Pagamento Final' é um filme eletrizante e com muita ação, mas em seu decorrer, faz o espectador sentir as mesmas angústias que Carlito Brigante, principalmente em sua cena final.
5 - A Última Missão (The Last Detail, EUA, 1973) - Os oficiais da marinha Buddusky (Jack Nicholson treinando para 'Um Estranho no Ninho') e Mulhall (Otis Young) são encarregados a levar o marinheiro Meadows (Randy Quaid em início de carreira) para a prisão. Mas antes decidem mostrar alguns prazeres da vida para o jovem.
'A Última Missão' possui um ótimo roteiro de Robert Towne, baseado na novela de Darryl Ponicsan. Hal Ashby sempre foi um bom diretor para melodramas com toque de humor e aqu ise sai bem novamente. O filme foi indicado para três Oscars, inclusive Melhor Ator para Jack Nicholson e Melhor Ator Coadjuvante para Randy Quaid.
Por que faz os homens chorarem? - 'A Última Missão' retrata descobertas que todo homem passa, como o sexo, a bebedeira e até mesmo uma boa briga a troco de nada. Mas principalmente o elo formado pelos três personagens principais é algo muito comum nas nossas vidas e às vezes de pequenos conflitos, surgem grandes amizades.
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