Spielberg, Harrison Ford e Lucas durante as filmagens de "Indiana Jones 3" |
Steven Spielberg provavelmente
ganhará mais um Oscar esse ano. O consagrado diretor está lançando a
cinebiografia definitiva de Abraham Lincoln e que até agora só possui resenhas
positivas. O seu grande amigo e parceiro, George Lucas, também foi notícia por conta
da venda de sua produtora, a Lucasfilm, para a Disney. Da união entre os dois surgiram à franquia
Indiana Jones, o que rendeu uma boa grana para ambos. Mas por que Spielberg e
Lucas assassinaram o cinema? A resposta para isso é simples. Eles, juntos ou
separados, transformaram a sétima arte em uma verdadeira máquina de efeitos
especiais, onde o roteiro, na maioria das vezes, não se sobressai ao uso excessivo
da computação gráfica.
Spielberg e seu perigoso "Tubarão" |
O crime começa em 1975, com
Spielberg lançando “Tubarão”, um imenso sucesso, o primeiro “blockbuster” da
história. É um ótimo filme, um clássico, com um elenco afinado e uma história
bem escrita, mas pela primeira vez no cinema o efeito se torna mais importante
que o roteiro ou os atores. Dois anos depois, um jovenzinho George Lucas, que
já tinha tentando explorar o meio da ficção científica com “THX 1138” e
realizado o simples e inesquecível “Loucuras de Verão”, lança sua aventura capa
e espada (ou sabre de luz) intergaláctica “Guerra nas Estrelas”, o maior sucesso de 1977. Vale
lembrar que os dois não são os únicos réus e o assassinato do cinema se trata
de um crime coletivo. Um ano antes de “Tubarão”, o produtor Irwin Allen
realizou a megalomaníaca produção “Inferno na Torre”, que junto de “Banzé no
Oeste”, uma sátira barata de faroeste dirigida por Mel Brooks, foi a maior
bilheteria de 1974. Era o início do fim para
grandes roteiros que possuíam boas estórias como o de “Golpe de Mestre”, “Butch
Cassidy” ou “A Primeira Noite de Um Homem”, todos campeões de venda de
ingressos em seus anos de lançamento.
Mark Hamill, Lucas e Harrison Ford nos bastidores de "Guerra nas Estrelas" |
Steven Spielberg fracassou ao
lançar “1941”, uma comédia sobre a Segunda Guerra Mundial, mas anos antes
dirigiu “Contatos imediatos de 3º Grau”, outro estrondoso sucesso. George Lucas
deixou de dirigir e apenas produziu “O Império Contra – Ataca”, continuação de “Guerra
nas Estrelas”. Agora os dois tinham o poder supremo em Hollywood e poderiam
fazer o que quisessem. Na década de 80 se uniram e inspirados em James Bond,
inventaram o arqueólogo aventureiro Indiana Jones, interpretado por Harrison
Ford e que deu um toque de classe ao cinema de ação da época. Realmente “Os
Caçadores da Arca Perdida” é uma das melhores aventuras já produzida e tenho
que tirar o meu chapéu para os dois. Em 1984, Spielberg decide se levar a sério
e realiza “A Cor Púrpura”, um drama inesquecível sobre os negros pós-escravidão
nos EUA e produz “De Volta Para O Futuro”. Já Lucas, ao contrário de seu amigo,
produz “Howard, O Super-Herói”, baseado nos quadrinhos de Steve Gerber e sem
dúvida nenhuma um dos filmes mais idiotas de todos os tempos. O restante da
década foi de sucessos e fracassos para ambos, mas sempre matando um pouquinho
do cinema.
Em 1993, Steven Spielberg realiza
o seu melhor filme, o grandioso “A Lista de Schindler” e ganha o seu primeiro Oscar
como melhor diretor. O segundo viria com “O Resgate do Soldado Ryan”, em 1998.
Ao mesmo tempo em que fazia “Schindler”, dirigiu por telefone (é o que algumas
pessoas dizem) “Parque dos Dinossauros”. Enquanto isso George Lucas ganhava
muito dinheiro através da Lucasfilm, sua fábrica de sonhos que realizou os
efeitos especiais de diversos filmes. Na
década seguinte voltaria a dirigir os três novos (e péssimos) episódios de “Guerra
nas Estrelas”. Spielberg curiosamente ficaria no meio termo, realizando ao
mesmo tempo bons filmes como “Prenda-me se for capaz” e “O Terminal” e
ruindades como “Minority Report” e “Guerra dos Mundos” (nunca foi tão gostoso
ler ao invés de ir ao cinema). Os dois ainda se reuniriam para realizar “Indiana
Jones 4”.
O resto da história acho que a maioria de
vocês sabem. Vieram filmes como “Tintim” e o fraco “Cavalo de Guerra”. Mas no
fim o grande problema não é a obra de Spielberg ou Lucas, que ao mesmo tempo em
que faziam “blockbusters”, resgatavam gênios como Akira Kurosawa do limbo. O
grande problema é a semente que eles plantaram e que diretores medíocres como
Michael Bay colheram, tornando esta colheita algo maldito e que transformou o
cinema em um mundo de ETs, transformers
imbecis, explosões no núcleo da Terra, missões impossíveis, além de outras
coisas que prefiro não lembrar. Por conta disso, filmes que possuem roteiros
simplistas e boas histórias vão ficando cada vez mais restritos a um público que
ao passar dos dias vai ficando menor. A experiência de ir ao cinema e sair de
lá impactado, pensando no mundo em que vivemos ou fantasiando com algo
impossível está sendo vencida por banhos de sangue e entretenimento barato de
péssima qualidade que a indústria cinematográfica mundial nos enfia goela
abaixo. Não há mais espaço para pensar, então a velha formula idiota é
oferecida para o grande público, que mais idiota ainda, acaba a aceitando e
concordando em ser estuprado mentalmente a cada ida ao cinema. A culpa disso? Sem dúvida nenhuma é de Steven
Spielberg e George Lucas, dois indivíduos perigosos e que geralmente andam
juntos de seus fiéis fanáticos como Michael Bay, Simon West, JJ Abrams e
companhia. Então muito cuidado, pois eles estão por aí para atacar seu cérebro e te levar para o lado negro da força em qualquer cinema na esquina de sua casa.
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