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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Deixa sangrar (pra um guitarrista que eu conheço)

Hey, cara solitário,
Eu entendo você.
Pegou sua guitarra,
resolveu seguir a estrada.
Decidiu jogar.
No apartamento no centro,
aquele que você morava,
nada mais tinha graça.
Seu companheiro de quarto se foi.
A mulher que te amou um dia,
resolveu sair da tua vida
e não quer mais voltar.
O que sobra?
Velhos discos de blues,
um riff à lá Bo Diddley
e lágrimas no chão de taco.
É melhor pegar a estrada.
Sem destino, sem medo e sozinho.
Sabe, eu te admiro.
Com seu jeito durão de bom coração,
Surfista velho e solitário,
que chora com músicas de outra geração.
Hoje você tá no Sul, amanhã vai pro mar.
Tentando pescar alguma coisa boa pra vida,
Oh, desregrada vida,
Vida essa que você sempre levou.
Não adianta arrependimentos,
nem a cachaça barata que você é adepto.
As cicatrizes estão no seu corpo
e você tá cansado de dar porrada.
I'll never be your beast of burden
My back is broad but it's a hurting
Você tocou essa canção algumas vezes
e foi pra todas as mulheres que cruzaram teu caminho.
Troca o disco, muda o acorde, se levante, maldito.
O público quer escutar suas notas,
quer chorar te ouvindo.
Vendo você sangrar sobre o palco,
sentindo a harmonia crua da sua guitarra,
E percebendo que tudo é só uma viagem alucinada
até a morte chegar,
Vai, guitarrista solitário,
Pega a guitarra só mais uma vez,
E como os mestres sabiamente disseram,
Deixa sangrar.

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