Mãos com mãos, como se o destino
não reservasse algum final pra aquilo.
Ele dizia que estaria lá a qualquer momento,
a qualquer hora.
Ela custava em acreditar, mas decidiu viver
o clima, aproveitar esse pouco de tempo.
Talvez o que mais ele precisasse era saber que
ela não o queria da mesma forma que ele.
Mas, apesar disso, os dois se olhavam nos olhos,
compartilhavam sorrisos.
Ele sabia que ela era mais esperta.
O cara era um verdadeiro pateta.
Dizia para os amigos que, finalmente,
tinha encontrado sua Cinderella.
Que negócio mais brega.
Ela era mais centrada, direta.
Não vivia em mundos de fantasia,
Muito menos acreditava em amores
pra toda vida.
Tinha certeza que encontraria uma nova paixão,
num momento incerto, nas prateleiras de uma livraria.
Ele ligava pra ela todos os dias.
Era um grude, um porre.
Ela continuava por lá,
Nem sabia o motivo,
Mas queria testar sua sorte.
Acreditava nos olhos de ternura dele,
mesmo sabendo que logo deveria partir.
Ele sofreria, a amaldiçoaria
e ela só queria ser feliz,
mesmo com seus olhos
repletos de melancolia.
Naquele dia no parque,
resolveu dizer toda a verdade.
Disse que não o amava, não precisava viver aquilo.
Gostava de ser só e de suas próprias ideologias.
Ele não caiu em prantos, nem jogou praga.
Disse que entendia perfeitamente,
não queria nenhum tipo de briga.
Ela se surpreendeu, não imaginava essa reação.
Na verdade, ele só estava tentando ser durão.
Nos meses seguintes, ele sofreu.
Bebeu em todas as espeluncas da Rua Augusta.
Passou vexame em todos os restaurantes onde comia.
Até que uma hora caiu na real e viu que isso não resolvia.
Deveria era seguir a vida.
Resolveu comprar um livro idiota de autoajuda,
daqueles repletos de frases sobre o destino
E que não resolvem porra nenhuma.
Ela sobreviveu, era forte.
Não precisava de nenhum homem ( que mulher precisa?).
Se sentia confortável sozinha, até mesmo resolveu
aprender gastronomia.
A cozinha era sua nova paixão,
mas precisava renovar o estoque de receitas.
Resolveu sair de seu novo endereço
e ir até a livraria da esquina.
Perguntou ao vendedor onde ficava
os livros de culinária.
Mas o destino, um infiel companheiro,
Novamente a surpreenderia.
Afinal, entre as prateleiras,
ela avistou ele.
Ele riu e foi até o seu encontro.
Nesse momento, apesar de patético,
ela descobriu que ele, por mais idiota que seja,
poderia ser o amor de sua vida.
Anos depois, apesar de muitas luzes
terem se apagados.
Eles estavam juntos. construíram um sobrado.
Ele amadureceu, compreendeu um pouco
dos mistérios da vida.
Ele havia mudado.
Ela continuava a mesma, só que agora cozinhava
E entendia o que ocorria.
Não queria mais ficar sozinha, cansou da velha rotina
E, no final da noite, ao som de um velho standard de jazz,
os dois dançavam, mas tinham pressa.
Precisavam ir logo pra cama, queriam fazer amor.
Agora eram sinceros um com o outro, diferente do passado,
afinal,descobriram sobre as surpresas que a vida prega.
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