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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Volta as aulas

Arrigo Barnabé em ação
É difícil eu me sentir intimidado. Quase raro até. 27 de janeiro foi um desses dias em que a intimidação fez parte do cardápio, afinal, fiquei cara a cara com Arrigo Barnabé, considerado por muitos o compositor mais genial de sua geração, seja no campo erudito ou até mesmo pop, um sujeito à frente de seu tempo e totalmente simples. Nada é mais intimista que a simplicidade.

Meu contato com o seu som aconteceu ainda criança, através da cópia que meu pai tinha da trilha sonora de "Cidade Oculta", um noir à brasileira, que mostrava São Paulo com um toque de Blade Runner. Segundo meu pai, seus amigos diziam que ele parecia com Arrigo Barnabé, que além de estrelar e ser um dos autores do roteiro, assina quase toda as músicas presentes no LP. Quantas vezes fiquei admirando as fotos de Carla Camurati na contracapa do disco. Era o máximo da sexualidade para um moleque de quatro, cinco anos.

Em janeiro, eu e aproximadamente 100 pessoas tivemos a oportunidade de adentrar no processo de composição de Barnabé, além de termos tido o prazer de ouvir histórias sobre sua adolescência em Londrina ou de quando conheceu Itamar Assumpção através de uma "aula show". No meio do bate-papo, é claro, não faltaram canções, como "Diversões Eletrônicas" e "Clara Crocodilo". Ao fim, Arrigo respondeu algumas perguntas da plateia e falou de seus planos futuros - que são vários.

No final da aula, não resisti, abordei Arrigo e contei a história de que meu pai falava que se parecia com ele e talvez tenha até faturado algumas menininhas por conta disso, mas hoje está quase careca.

Sabe aquele vinil do "Cidade Oculta" de que falei? Mais de 30 anos depois, foi autografado - às vésperas do meu pai completar 50 anos - assim como a edição que possuo de "Na Boca do Bode", de Fabio Henrique Giorgio, que explora a cena musical de Londrina das décadas de 60 e 70 e mostra o início daquilo que seria conhecido como "Vanguarda Paulista", o movimento musical mais importante do Brasil após a explosão da Tropicália. Não tirei uma foto com Arrigo: continuo intimidado até agora, talvez seja com a aula, que não vou esquecer nunca, ou com a humildade do cara. É, acho que tenho sorte. A vida sempre colocou professores excelentes no meu caminho, deixando a experiência do aprendizado muito mais prazerosa e iluminada. De vez em quando vale a pena voltar às aulas

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