Não é qualquer dia que o Morumbi treme, dando a impressão que o estádio pode desmoronar a qualquer momento. Poucas coisas causam isso. Uma final de Libertadores, um clássico paulista ou talvez quando os Rolling Stones tocam (I Can't Get No) Satisfaction. Essa última alternativa pude comprovar pessoalmente e só de me lembrar, os pelos dos meus dois braços se arrepiam e olha que a música mais conhecida da banda está longe de ser uma das minhas favorita - que são All About You, do disco Emotional Rescue, a sacana Let It Bleed e o mágico mantra You Can't Always Get What You Want. A sensação beirava o primeiro orgasmo, aquele do início da puberdade, ou o primeiro cigarro, mesmo que ele seja um Shelton comprado solto em algum botequim podre de uma esquina de São Paulo. Pode parecer sujo, mas são as coisas mais próximas que vem na minha mente.
Do riff crú de Jumpin' Jack Flash ou ao ver a chuva começar justamente quando Mick Jagger canta a primeira estrofe de Gimme Shelter, aquela que fala sobre uma tempestade chegando, você não acredita que está ali vendo uma boa parte da história do blues e do rock' n' roll na sua frente, tocando todas aquelas canções que quando você tomou aquele porre por conta de alguma gata ou saiu pra uma noitada incrível com os amigos escutou a exaustão. Simplesmente sua mente se teletransporta e a conexão com aqueles caras no palco é automática. É a magia da música em ação.
Keith Richards, Mick Jagger, Ronnie Wood e Charlie Watts não estão lá só pela grana e nem para mostrarem que são mais ligeiros que muitos jovens. Eles sobem ao palco para sentirem o ar, aquela brisa na cara, o sangue fluindo pelas veias, deixando o suor escorrendo por lugares impróprios. Os "velhos" querem sentir a vida pulsando o mais forte possível e dividir isso com o público. Uma lição aprendida com os finados gênios Muddy Waters, B.B. King e Chuck Berry, na estrada até hoje - graças aos Deuses do Rock. É uma energia inexplicável, sabe aqueles ápices de nossa jornada nesse planeta? É isso.
Passado dois dias após o fascinante 27 de fevereiro de 2016, continuo hipnotizado e não acreditando que estive lá, sentindo as lagrimas em meus olhos com o mestre "Keef" sussurrando os versos de Slipping Away, pra mim, o grande momento da noite. Foram 21 anos sonhando em ver esses caras ao vivo e finalmente o dia chegou. Como uma canção do último disco solo de Ronnie Wood, posso dizer sem nenhuma dúvida: Sim, sou um cara de sorte. Vida longa aos Rolling Stones, esses alquimistas contemporâneos que mantém a chama do rock'n' roll viva na alma de cada um de nós. Obrigado por uma noite mágica, mestres, e que as faíscas continuem voando por aí. Até o próximo adeus (ou Bis)! #StonesSãoPaulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário