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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Lamento do Marginal Bem Sucedido




Baby, enquanto um velho mestre de blues radioativas nas ondas sonoras do carro,
Tome um fósforo e, ao gosto dos anjos, acenda o último cigarro – que aquele bêbado lhe deu.
E blues lamente comigo os tempos cínicos e cruéis para o caubói delicado que você diz que sou eu.
Ah! Você lembra? Naquele tempo, quem não queria tomar o poder e que mãe não tomava comprimidos pra dormir?
“É proibido proibir!”
Ora, ora o poder, humilhação e violência! Vocês querem bacalhau?
Ao vencedor, as batatas, o troféu abacaxi.
E por falar em política, os meninos de rua já sentem na pele, a verdade nua e crua do que nos aconteceu.
Marginal bem sucedido e amante da anarquia, eu não sou renegado sem causa,
Oh, não!
E uma dose de amor - esse artigo sempre em falta - cairia muito bem em mim
- Melhor que a droga do gim
Lançado em meu cartaz de procurado, de vira-lata de mercado, com a pata esmagada por um trem.
Ah, e fique aqui, só entre nós dois, este papo amarelo de dor, que rima com conversa mole de amor.
Você sabe, eu prefiro a inocência do sexo e a graça da paixão - depois do amor, o tédio e a solidão!
Quem diria?
Ontem à noite na cama me senti arrasado com você me chamando  idiota, bandido, um canalha, indecente, transviado, machão!
Ah, enquanto estas senhoras e estes senhores viram o jogo contra nós e põem o mundo a seu favor - que horror!
Conversação de marginais sobre a terra devastada, em meio a nossa guerra civil - Desde Cabral o Brasil é Brasil.
Guardo-lhe, como um presente, o meu modo masculino, raro e fino de trovador eletrônico, ciberneticamente a mil.
Baby, tudo vai dar pé, você sabe e eu também sei qual é o problema.
Mas, pelo sim, pelo não, me dê a sua mão, igual a seu coração,
E, num amasso apertado, um beijo molhado e escandalizado, daqueles de cinema.
Baby, tudo vai dar pé, você sabe e eu também sei qual é o problema.
Mas, pelo sim, pelo não, me de a sua mão, igual a seu coração - All we need is love!
E num amasso apertado, da cor do Pecado, um beijo molhado, daqueles de cinema.

(Poesia e música do grande Belchior, um mestre na maneira de trabalhar com palavras. Tentei transcrever a letra da maneira correta. Na maioria dos sites a transcrição está errada.)

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