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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Uma Deusa na minha porta

Há uma Deusa na minha porta.
Ela acaba de dançar no corredor.
Ela não tá nua, mas me parece completamente sexy
E agora olha diretamente em meus olhos.
Nos meus pensamentos, eu que sempre fui tão sozinho e vivi o dia de hoje loucamente,
vislumbro o futuro.
Há uma coisa animal, de pele, de cheiro.
Não sei explicar, um tesão apenas no olhar.
Como eu gostaria de estar nos braços da Deusa da minha porta.
Sentindo seus lábios vermelhos, nem tão carnudos assim, mas sensuais.
Sensuais como a velha pin-up daquela revista masculina da borracharia.
Queria pegar na sua mão, com diversas cicatrizes de ex-amores,
Escutar seu coração, observar sua alma e descobrir quais os seus pavores.
Qual é o medo da Deusa na minha porta?
Talvez seja o medo de amar, da entrega, coisa comum em quem já tá cansado da busca e da loucura.
Relações são como a navalha do barbeiro que faz a minha barba.
Sempre há uma lamina no meio, algo cortante, mistérios do coração.
Talvez a Deusa na minha porta tenha o medo de correr riscos.
Logo ela, que já viajou o mundo, deixando seus cabelos louros ao sol.
Sentiu a brisa da estrada, sem pudor algum, com um cigarro aceso no canto da boca.
Filtro branco, pra parecer um pouco comum.
A Deusa na minha porta talvez saia a noite pra brincar de gata.
Dorme 38 horas e na madrugada percorre becos, esquinas, em busca de sei lá o quê.
Melhor não saber.
A Deusa na minha porta não me deixa dormir.
Estou insone há vários dias, e a Deusa continua ali, me causando prazer e agonia.
Fico com vontade de me apaixonar, de empurrá-la na parede e fazer amor.
Mas algo me bloqueia.
Será que é a minha cabeça, já tão degastada por conta dos desperdícios do meio do caminho?
O que eu posso fazer com a Deusa que permanece lá, na minha porta?
Convido ela pra alguns dos meus sonhos mais loucos, aqueles que me transportam para terras mais selvagens que Sodoma e Gomorra, sem pudor algum?
Mas preciso dormir, descansar, levitar, relaxar, sei lá.
Quem sabe assim a Deusa não fica lá, parada lindamente, sensualmente, brasileiramente,  na minha porta.
Mas prefiro que ela venha dormir comigo, pra me seduzir, me acalmar, me levar ao passado através de um beijo, daqueles tipo Gable and Lombard.
Enquanto ela não vem, fumo alguns dos meus cigarros e tento fazer rimas.
Rimas essas, que podem nem ser tão originais assim, clichês desses tempos nossos, mas inspiradas por todo o amor que eu sinto pela Deusa que fica na minha porta.

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