Todo cara já saciou seu desejo folheando algumas páginas
De revistas com mulheres nuas.
Daquelas que o poster enfeita o local de trabalho do borracheiro.
Podia ser no banheiro, no escuro do quarto, na cadeira de barbeiro.
Quantas maçãs não foram apreciadas.
Os movimentos do quadril de uma loira sarada.
Coisa masculina, besta, fetichista.
Do sado ao tímido “papai e mamãe”, você quis aquela mulher.
Sonhou com aquelas curvas à la Copam do velho e sábio Niemeyer.
Imaginou várias e várias vezes estar entre aquelas pernas longas,
Querendo chegar próximo aos rins.
“Eu já tirei a sua roupa, nesses pensamentos meus”,
Já dizia aquele antigo mestre e cafajeste poeta popular.
Quantas fantasias, em todos os lugares, camas de motéis, piscinas com água aquecida,
No banco sujo daquele carro japonês.
Te homenageava, da minha forma mais pacata, coisa particular.
Não que existisse algo no coração, mas com 11, 12 anos, bem, você descobre o tesão.
E que tremenda emoção.
Chegava da escola e ia correndo procurar aquela revista com coelhinhas,
Podia ser noite ou dia, era o tipo de coisa que me fazia pensar melhor nas aulas de filosofia.
E veja você como o mundo é um lugar engraçado.
Hoje, entre as prateleiras do mercado,avistei uma daquelas eternas musas.
O corpo não era o mesmo, o rosto muito menos, mas continuava uma mulher linda.
Um pouco tímida, com cara de professora do ginásio, para os mais novos,
Jamais seria reconhecida como a tele-moça daquele horrendo programa dominical.
E quantas tardes de domingo não dediquei a você, lá, no início da puberdade.
“Velhos tempos, velhos dias.”
Lembro também daquele clipe de sucesso, rock’n’roll ruim, mas que eu parava pra assistir,
Afinal, você era proibida pra mim e pra toda a rapaziada.
E hoje, ao te cruzar timidamente na fila do caixa, como em um seriado americano babaca,
Tudo que eu queria fazer era me ajoelhar aos seus pés, olhar nos seus olhos e dizer:
“- Como te amei com as mãos, apenas com as mãos!”
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